19 de agosto de 2008, campus de Ondina, Universidade Federal da Bahia. Nesse fatídico dia uma aluna do curso de dança seguia por um dos famosos atalhos repletos de matagais da universidade quando foi surpreendida por um homem que a obrigou a acompanhá-lo mata adentro. Diante de tanta insegurança que já era questionado pelos estudantes, o pior aconteceu, a garota foi estuprada, para muitos era o cúmulo de tamanho descaso da reitoria e da prefeitura do campus com a universidade.
No outro dia, em um ato conjunto, cerca de 100 alunos ocuparam o auditório da reitoria, localizado no bairro do Canela. Em mais uma assembléia conturbada, os humores se inflamaram ao lembrar de comentários infelizes de membros da direção da universidade, em que culpam as vestimentas da estudante como um dos motivos do caso. Outro momento de bastante discussão foi quando levantou-se a possibilidade da presença de policiais militares no interior do campi. Diante de uma esmagadora maioria contrária, alguns cochichavam que muitos tinham medo da presença de policiais devido ao constante uso de drogas por parte dos próprios alunos nas instalações do campi.
Na época parecia que os discursos acalorados não renderiam muito. Mas tempo depois, as movimentações estudantis sobre o caso deram origem a uma comissão especialmente criada para tratar dos assuntos relativos a segurança na sociedade.
Hoje, fruto dessa comissão, foi criado um projeto paisagístico que permitiu que periodicamente as plantas e o mato acumulado nos campi fossem aparados, evitando que se tornassem esconderijo de bandidos. Foi desenvolvido também um plano de iluminação para muitos locais que tinham essa deficiência, a exemplo de São Lázaro. Quem atualmente passa pelo início da Avenida Garibaldi, pode ver a instalação de grades que cercarão o campus de Ondina.
É certo que muita coisa ainda precisa ser feita e melhorada no âmbito da UFBA, mas é certo também que as constantes mobilizações estudantis, em especial aquela de agosto de 2008, foi fundamental para a tomada de atitude por parte da direção da universidade. Isso sim é cidadania.
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